segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cultivar a feminilidade

Tenho doces lembranças da minha infância... Acho que a lembrança mais antiga que tenho é de brincar com um jogo de chá. Era uma mesinha de plástico rosa, com as cadeirinhas e na mesa tinham as xícaras, pratinhos, bule, etc. Lembro-me também de minha mãe participar da brincadeira, e me ajudar a preparar tudo para receber minhas amigas reais e imaginárias. Foi algo muito natural meu interesse por "brincar de casinha", não tenho nenhum sentimento de opressão ou obrigação de algo na minha infância. Meu irmão também participava as vezes, porém ele já preferia os carrinhos, jogos de montar e desmontar, bola, corrida, etc.  Meu pai e minha mãe estiveram presentes na minha criação, assim como na criação do meu irmão, tivemos a influência feminina e masculina e isso foi muito bom.  Eu também joguei bola, corri, subi em árvore e ralei os joelhos, e isso em nada afetou meu apreço por ser uma menina. Lembro-me em dias de chuva de fugir dos meus pais, e juntamente com meu irmão ir correr na chuva e me sujar de barro nos fundos da igreja. Obviamente depois vinha a repreensão e as vezes o castigo e as palmadas.

Minha infância foi extremamente humilde. E apesar de ter a presença paterna e materna dentro de casa, meu pai nem sempre estava presente. Como pastor ele se afastou muitas vezes, viajou tantas outras, e ficávamos aos cuidados de minha mãe. Meu pai não estava presente fisicamente, mas estava presente sempre no discurso de minha mãe, nosso apreço e respeito por ele, estava muito além da sua presença física na nossa frente. E nessa família humilde foram criados um menino e uma menina. Sem grandes recursos, sem grandes  discursos, uma criação singela, pura, básica, com uma educação clara e sólida. Café da manhã muito cedo, devoção diária, agradecimento antes das refeições, estudo em família, conversa e respeito, oração antes de deitar, beijo na testa, abraço caloroso, mão firme... Não  precisávamos de dinheiro para nada disso.

Minha mãe nos ensinou a sermos dóceis, amáveis, responsáveis, sua influência feminina foi essencial na nossa criação. Sua doçura fez do meu irmão um homem forte, pai de família e capaz de atos extremamente delicados pela sua esposa e filha. Meu pai educou meu irmão para proteger sua família e trabalhar por ela, eu para auxiliar minha família e me dedicar a ela. E assim as coisas foram muito bem.  Essa criação nos livrou de cometer erros, de nos decepcionarmos? De forma alguma, cometemos muitos. Mas essa criação nos fez fortes.

Não fui criada para um romantismo desenfreado, nem para uma fragilidade extrema, mas fui criada para respeitar minhas características, meu corpo e não em envergonhar da minha condição feminina.Meu irmão não foi criado para ser truculento, grosso, mas para ser forte, homem tal qual José, esposo de Maria.

Não se envergonhe da sua condição feminina. Você não é superior ou inferior a um homem, você é diferente, é única. Essencial dentro da sua condição de mulher, de menina, assim como o homem é essencial dentro de sua condição masculina. Feminilidade não é superioridade ou inferioridade, feminilidade é condição natural da mulher, é a virtude que extravasa e salta aos olhos. Na luta contra a feminilidade, a mulher se entristece e se perde. Esvazia-se de sua essência.



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